Cada um tem o seu, cada um sabe do que faloEu sempre enxergava uma luz no “fim” desse tunelEu sempre caminhava ao rumo de alcança-loAte que um dia um desgraçado deu um tiro e quebrou essa luzFiquei sem rumo, sem saber pra onde irSem saber o que fazer da vida porque assimEu ficava olhando para tudo que eu ja fiz ou fariaMas agora nada disso tinha mais valor pra mim seguir em frenteSozinho, no escuro, estatico, com frioNao via nada na frente, comecei a me arrastar entaoIa tropeçando em nas coisas que estavam no meu caminhoDe tanto tentar nesse desespero acabei por “dar de cara” com a paredeE cai, ali fiquei ate que eu tivesse consciencia do que tinha acabado de ocorrerQuando me levantei, atordoado com a pancadaJa nao sabia mais o que era ida e o que era voltaJa havia andado um bom bocado ate aqui, tropeçando entao, nem se contaPensei estar ficando louco, quando e que tornaria a ver alguma luzOu teria eu ficado cego sem saber?“Escolhi” um lado e comecei a correr descontroladamenteQueria me acalmar um pouco, a todo custoE nessa corrida, nao queria nem saber de obstaculo ou sei la mais o queFui chutando tudo o que estava pela minha frente, sem poder verNao me preucupei nessa hora se estava jogando para longe ou quebrandoChutava com vontade e que se danasse os problemas a parteE qual nao foi a minha calma quando vi longe uma “clareira”Nenhuma. Ai foi que comecei a correr “pelas paredes”Mas no mesmo esquema de “chutar o balde”Nesse curto caminho pensei, pareço aqueles manifestantes nas ruasQue pensam “o governo paga/conserta” e “eu estou aqui pelos meus direitos”E quanto ao segundo pensamento ate dava pra engolir porque era a minha vidaSo nao parei pra perceber que na minha vida quem paga sou eu. Por que? Ah...Quase sem dedos nos pes de tanto “chutar o pau da barraca”, enfim cheguei. Legal e agora?A minha segunda pior desilusao (sim porque a primeira alguem conseguiu quebrar)Foi ao saber que toda essa corrida foi em vao, eu simplesmente volteiAo inves de seguir em frente, tornei ao meu passado, na ultima luz que eu havia instaladoSilencio. Eu podia escutar aquelas lembranças daquele tempoTodos aqueles que fazem/fizeram parte da minha vida antes desse caminho obscuro surgirAli podia ver aquela “minha casa” que eu tinha começado a construirMas que deixei de lado em busca de um novo rumoFogao, geladeira, TV, sofa ali arrumados, amigo(a) na sala junto com alguem da familiaLa conversando sobre qualquer bom assuntoE eu ali do lado apenas me recordando daquele tempos feito alma penadaEu poderia atravessar e mergulhar mais fundo nessas recordaçoes, mas pra que?Eu me sentiria cada vez mais perfurado por dentro, dor que so quem sente, sabeViver do passado entao, que tal? Nao. Tem mais pra frente. So Seguir, mas no escuro? NaoDeixei a visita esperando na sala, batendo um papo enquanto isso apenas me acalmava (agora sim calmo mesmo) e apreciava poder ter voltado a enxergar, afinal aqueles dias sem ver nada... Ninguem merece. Entao respirei fundo, refleti: “mas como e que eu fazia antes pra acender o meu caminho?”Nao demorou muito nao, parecia que antes eu nao queria e prestar atençao mesmo. Burrice? Nao... Uma coisa que so quem “sente”, sabe“All right people, let’s go”, como naquele game viciante, eu levava essa frase comigoEntao, passo a passo, curtos, mas firmes, quietos eu ia andandoRedescobrindo tudo aquilo que parecia aprender a primeira serie novamenteOk, agora, ao inves de mandar longe aquilo que nao via, eu ia no tato sentindo o que era o que.A cada toque, eu ia começando a enxergar o que realmente era, ia ficando iluminadoNao que eu fosse um santo pelo “iluminado”, mas num sentido de que agora eu sabia o que realmente era; no que eu tocavaAssim entao fui descobrindo, encaixando o que tinha desmontado...Mas como eu tinha dito antes, na nossa vida nao existe governo pra pagar o consertoA gente e que paga.Nem tudo daquilo que “mandei pro espaço” eu podia sequer colar, porque ainda assim nao teria como cosertar, nao teria mais como ter aquela “mesma peça” novinha em folhaEntao teria que me acostumar a aceitar com aquilo que eu mesmo “dei corda”“Que coisa nao!?” Apesar dos apesares, o valor mesmo quebrado, vale ao menos pra mimMais que qualquer ouro, alias... Alias, nao tem valor estimado pra mimMas e bom lembrar que nem tudo que chutava eram coisas boas, algumas mesmo...Agora mais educadamente eu pedia para que “se retirasse, pois nao partiamos do mesmo principio”. Paciencia de Jo. Mas tambem, colho aquilo que planto se nao tiver paciencia alguma“De grao em grao a galinha enche o papo”, assim eu estava seguindo no que eu tocava eu exergava, um PC, algumas roupas, o novo vizinho que fala diferente, uma pessoa conhecida de tempos atras que deu noticias, um tempo so pra mim“(...)Cedo ou tarde demais (...)” isso iria acontecer, sinto como as chagas de CristoEu cheguei ate aquele ponto iluminado, nao tinha como eu colarPorque nao teria mais a mesma vida, guardar coisas quebradas pra que?Mas pra todo caso sempre ha uma excessao... Hum...Apenas juntei os cacos, eu sentia algo diferente enquanto juntavaUm motivo nem um pouco estupido. “(...)Nao sei porque(...)”Era um material diferente, nao era vidro, nao era madeira, nada explicavel (!?)Guardei num recipiente aberto, como se eu soubesse que aquilo respirasseE carrego comigo, nos primeiros tempos eu deixava da minha vida pra dar muita atençaoE como se a cada barulhinho fosse alguma reaçao de que algo...Hoje eu dou atençao, apesar de estar com o meu coraçao desligado, nao sei por quanto tempoTem “sentimentos” que jamais esquecereiEsteja onde estiver, eu sempre...Assim eu vou caminhando nesse tunel da vida.
Yuri Thomazelli